Poucos hinos nacionais são tão
esplêndidos como o do Brasil. Com suas figuras de linguagem e inversões de
termos, descreve com glória o sentimento eufórico e utópico da época da
independência. Entretanto, as alusões ao futuro resumiram-se a somente isso: utopia.
O romantismo, ao seu tempo e modo, fora contaminado também por esse espírito de
liberdade. Gonçalves Dias, se compusesse hoje sua célebre canção do exílio,
talvez dissesse:
Minha terra?
Lá não há
palmeiras, muito menos sabiá.
As aves que
aqui gorjeiam nunca passaram por lá.
Joaquim Osório (o autor do hino,
para quem não sabe) ficaria decepcionado se hoje pudesse ver o Brasil do seu
povo heroico. E não havia como ser diferente. Billy Halleck diria que é assim que tem que ser. Nossa
independência não foi retumbante, caro Joaquim. Apenas uma jogada de estado, do
nosso aclamado Dom Pedro. O seu povo heroico não participou da Independência,
não deram grito nenhum, muito menos lutaram até a morte.
Pois te digo que o arraial de Canudos lutou, gritou, resistiu até o último velho e a última criança contra bandos enfurecidos de soldados. O pessoal de Contestado também lutou. E não ousam sequer a pôr o nome de uma avenida como Conselheiro. Ao contrário, fazem de tudo para eclipsar sua memória. A barragem sobre a antiga cidade é prova disso. Porque ele é o símbolo da resistência. Enaltecer seu nome seria dar motivo de esperança às massas. E isso é errado. Massa não pensa, massa se manipula. Fazê-la pensar é atentar contra a ordem natural. Igualdade? Não havia igualdade, nem em 1822 nem agora. O seu Brasil, cujo futuro espelha a grandeza do território, é excludente e perverso. Tietes de Lula, não me crucifiquem. Mas, enquanto idolatram o populista pai do povo, deixem a propaganda um pouco de lado. Educação? Centenas de escolas foram abertas. Procurem saber da qualidade de cada uma antes de qualquer coisa. A prelazia agora é pelo quantitativo, nada de qualitativo. Porque o brasileiro, aquele do braço forte e grito retumbante, gosta de números. Mapas com imensos pontos vermelhos e números bem grandes. Ao tempo que algumas famílias recebem auxílio isso, auxílio aquilo, mendigos dormem sob os viadutos; crianças e mulheres, fugindo do marido violento, enchem as calçadas em busca de alguns trocados para comprar pão; mazelas abandonadas, sequer levadas a sério. E o seu país, o que faz? Aumenta salário de prefeito e deputado, gasta bilhões com obras atrasadas para a copa. Em uma certa propaganda das olimpíadas, as favelas do Rio foram apagadas do cartaz. Nada além do esperado. Essas construções são uma vergonha para o país do futebol, do samba e da mulata bonita. Um cancro a ser combatido. Pacificação? Propaganda, meu irmão! Como certificação de paz durante esses dois eventos, é necessário começar logo, mostrar resultados aos gringos. É a mesma história daquelas “leis para inglês ver”.
Pois te digo que o arraial de Canudos lutou, gritou, resistiu até o último velho e a última criança contra bandos enfurecidos de soldados. O pessoal de Contestado também lutou. E não ousam sequer a pôr o nome de uma avenida como Conselheiro. Ao contrário, fazem de tudo para eclipsar sua memória. A barragem sobre a antiga cidade é prova disso. Porque ele é o símbolo da resistência. Enaltecer seu nome seria dar motivo de esperança às massas. E isso é errado. Massa não pensa, massa se manipula. Fazê-la pensar é atentar contra a ordem natural. Igualdade? Não havia igualdade, nem em 1822 nem agora. O seu Brasil, cujo futuro espelha a grandeza do território, é excludente e perverso. Tietes de Lula, não me crucifiquem. Mas, enquanto idolatram o populista pai do povo, deixem a propaganda um pouco de lado. Educação? Centenas de escolas foram abertas. Procurem saber da qualidade de cada uma antes de qualquer coisa. A prelazia agora é pelo quantitativo, nada de qualitativo. Porque o brasileiro, aquele do braço forte e grito retumbante, gosta de números. Mapas com imensos pontos vermelhos e números bem grandes. Ao tempo que algumas famílias recebem auxílio isso, auxílio aquilo, mendigos dormem sob os viadutos; crianças e mulheres, fugindo do marido violento, enchem as calçadas em busca de alguns trocados para comprar pão; mazelas abandonadas, sequer levadas a sério. E o seu país, o que faz? Aumenta salário de prefeito e deputado, gasta bilhões com obras atrasadas para a copa. Em uma certa propaganda das olimpíadas, as favelas do Rio foram apagadas do cartaz. Nada além do esperado. Essas construções são uma vergonha para o país do futebol, do samba e da mulata bonita. Um cancro a ser combatido. Pacificação? Propaganda, meu irmão! Como certificação de paz durante esses dois eventos, é necessário começar logo, mostrar resultados aos gringos. É a mesma história daquelas “leis para inglês ver”.
E os teus bosques, ó Brasil, estes são dignos de piedade. O que resta da
formosa Mata Atlântica? Alguns míseros tufos de vegetação, circundada pelo
concreto. A Amazônia, pobre dela, sofreu todo o tipo de degradação. Pastagens,
soja, exploração da borracha e da madeira. O polo industrial de Manaus, um
cigarro no pulmão do mundo (termo obsoleto, desculpe; o certo seria ar condicionado do mundo). O teu povo,
Joaquim, o povo do teu Brasil utópico, foge à luta. Enquanto em outros países
os jovens brigam com a família para entrar no exército, aqui vemos inúmeras
campanhas exibindo o heroísmo dos nossos soldados para incentivar alguns homens
a se alistarem. E o patriotismo fica em segundo, terceiro, último plano, brother! Produtos nacionais não prestam, só os americanos. E vejam que
contradição. O próprio país incentivou tais preferências. Sempre fora quintal
dos Estadunidenses (daremos a eles o nome apropriado; afinal, a América também
é dos americanos).
Brasil, terra adorada. Com suas
epidemias e corrupções. Com sua violência e estupidez. Sempre idolatrando os
maiores. Procurando os culpados e julgando os inocentes. Desenvolvendo soluções
e criando mais problemas. Esse é o nosso Brasil, a Mãe Gentil, a Terra Adorada.
Até quando, Brasil?