Observei-a de longe, e algumas conclusões pude tirar.
Aparentava ter consigo uma tristeza imensa. Mas não algo incontido,
desesperador. Era uma dor calma, se é que isso existe. Quase como se a
aceitasse, e já não pudesse viver sem ela. Aquela tristeza a acompanhava há
tempos, desde quando parou de escrever. Pude perceber isso, mesmo sem me
aproximar. Ela tinha um ar de escritora cheia de estórias guardadas. As frases
sublevavam-se por seus olhos e em instantes pude deduzir toda sua história. E
sempre aquela tristeza. Estavam juntas desde que aprendera a viver sozinha.
Cansou de esperar pelos outros, de sofrer sozinha. Agora tinha uma companheira.
Iguais, autossuficientes. E conviviam bem, até. Estavam em harmonia. Ela e sua
tristeza infinita, duas irmãs siamesas.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Postado por Dhay S. às 13:45
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