sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Perguntam-se porque tudo é tão difícil. Ora, se fosse fácil, nada seria valorizado. Talvez até seja verdade, no entanto, a questão principal não é o valor que se dá ao que se ganha, mas quem irá ganhá-lo. Você nunca percebeu que o mundo é uma competição? Desde o princípio, quando aqueles milhões de espermatozóides lutam para sobreviver e fecundar o óvulo, a guerra começa. E, por favor, não me venha com aquela história de que você é um vencedor desde aquele momento. Poupe-me. Você não venceu, apenas cumpriu com sua obrigação de sobreviver. Todos fazem isso. É apenas a primeira ilustração da constante guerrilha que acontece no mundo, onde todos precisam derrotar seus adversários para conseguir vencer. E não basta deixá-los para trás, é preciso eliminá-los do caminho, não permitir nenhuma chance para que consigam alcançá-lo de novo. Matá-los? Talvez, alguns não têm o pulso firme e o ímpeto de fazê-lo, aliás, nem é preciso tanto. Afinal, todos morrem um dia, não é verdade? Só é preciso um empurrãozinho, um mínimo motivo para tirá-los a vida. E que vida! Onde tudo gira ao redor do próprio eixo, sem ao menos olhar para o lado, sem ser capaz de realizar um pequeno gesto de solidariedade, sem demonstrações de compaixão e fraternidade. E esse egocentrismo não é culpa única e exclusivamente do indivíduo, este é uma pequena fração do todo. E não há motivos para ajudar o próximo. Quem é o próximo? Seu inimigo que compartilha a mesma trincheira. Compartilham o tanque de guerra, as camas da enfermaria, os artefatos bélicos e mantêm a fachada de bons vizinhos, companheiros, amigos. Mas no fundo você sabe que ele não é nada disso, ao contrário. Ele existe e é tão capaz quanto você, logo, vocês também disputam os mesmos cargos. Como podem ser amigos? Estão numa guerra, e nela só vence O melhor, não há lugar para meio-termos. É você ou ele. Os dois, nunca. Enquanto não alcança a vitória, entretanto, precisa dele. Precisa do apoio, das estratégias, das idéias, das influências. Então, o que você faz? Dissimula, engana, disfarça, manipula, transforma, deforma. Aproveita-se ao máximo daquela criatura que, pode ter certeza, usa as mesmas armas para conseguir o que quer. Quando estiver próximo do objetivo, o que fazer? Tira-o do caminho. Se ainda estiver manchado com sentimentos, se ainda não tiver sido ungido no seio da guerra, pode optar por não matá-lo. Pode apenas mentir mais um pouco e denegrir a imagem que por tanto tempo construíram. Ele pode aparentar atordoamento, mas fique certo de que também pretendia fazer aquilo. E, se chegar onde pretende, parabéns, você conseguiu sobreviver. Vencedor? Mais uma vez não. Cumpriu seu papel, nem mais, nem menos. Mas agora você está no topo, rodeado de sanguessugas que aproveitam do seu status para beber as gotas de sangue que caem do seu copo. Amigos? Nenhum. Nunca os teve e por que agora os teria? Amores? Também não. Sempre esteve ocupado demais conseguindo o que tanto esperava e preocupado demais para não cair nas teias do seu companheiro de trincheira. Só tem seu objeto de desejo, que por tanto tempo pleiteou. Mas agora percebe que nada daquilo valeu à pena. Está sozinho no mundo, sua vida passou, e não tens nada a fazer. Nada? Não, há uma coisa. Sim, aquela mesma coisa, aquela que todos temem e ninguém escapa. Você conhece os caminhos mais eficazes de antecipá-la. Pondere, escolha, execute.


Dhay S.

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