Do Rei do terror

domingo, 1 de agosto de 2010

A escuridão. A maldita escuridão. Achou que haviam sito enterrados vivos nela.Emparedados nela. O amanhecer estava a um século de distância. Muitos ali nunca o veriam. Ou o sol. Estavam enterrados a uma profundidade de dois metros na escuridão. Só faltava mesmo a cantilena monótona do padre, a voz abafada mas não inteiramente obliterada pela nova escuridão compactada, acima da qual se postavam os pranteadores. Os pranteadores nem mesmo sabiam que eles estavam ali, que estavam vivos, que estavam gritando, arranhando e unhando a tampa de caixão da escuridão, o ar estava despelando e enferrujando, estava se transformando em gás venenoso, a esperança desaparecendo até que ela mesma se tornava escuridão e, acima de tudo aquilo, a voz de sino de capela do padre e o arrastamento de pés impaciente dos pranteadores, ansiosos para sair dali para o quente sol de maio. E, superando tudo aquilo, o coro ciciante, arrastando dos bichos e insetos, abrindo túneis na terra, chegando para o banquete. 

(A Longa Marcha - Stephen King)

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