domingo, 5 de setembro de 2010

Pais + amig@s + namorad@ = vida perfeita, certo? Errado. Por enquanto, pode achar que sim. E se ainda pensa que sua vida é um conto de fadas, pare de ler. Não quero destruir o sonho de nenhuma criança; mas se já vê o mundo com os olhos da maldade, então já sabe que essa equação não dá a ninguém a garantia de felicidade plena. Afinal, todos nós sabemos a verdade. O difícil é aceita-la. Você sabe que teus pais não se orgulham de você, que tuas amigas são falsas e teu namorado não te ama. Eu sei que sabe. Bem lá no fundo, você sabe de tudo isso. Pode demorar um pouco para perceber, mas pense bem: as palavras reconfortantes dos teus pais são verdadeiras? Suas palavras de reconhecimento têm o tom verídico que deveriam ter? Tuas amigas te procuram quando? Elas sempre pedem algum favor, não é? Conversam um pouco, contam algum segredo para ganhar tua confiança e então pedem para que faças aquele trabalho de educação física, ou quem sabe querem as respostas da prova de matemática. E teu namorado? Quando ele te liga? Quando podem se encontrar a sós ou, melhor ainda, quando tem a oportunidade de te comer. Porque é só nisso que ele se interessa. Não se preocupa com tua saúde mental e suas promessas de amor eterno não têm fundamento. É tudo pura ilusão. Ilusões que você enxergou faz tempo, mas tem medo de aceita-las. Você se apega a essas ilusões para poder ter uma vida normal e não mergulhar no abismo do desespero. Mas no final não vai ter adiantado nada ter fechado os olhos por tanto tempo. Você vai enlouquecer. Mesmo com todos os esforços, um dia reconhecerás quem realmente são as pessoas que te cercam e resolverás afastar-se de todos. Talvez não fisicamente, mas emocionalmente. Um dia desligar-se-á de todos que mentiram e enganaram-te, e ai sim estará livre. Pode sofrer, tenho certeza que sim, mas estarás livre de toda rede de intrigas e falsidade na qual esteve emaranhada por tanto tempo. E quando isso acontecer, feliz não serás, porque não poderás confiar em mais ninguém, e então ver-se-á sozinha, no mais profundo da tua própria alma, enclausurada, sem ver a luz do sol. Mas seu corpo continuará ali, representando seu papel no teatro da sociedade. Dando para outros homens, ou até para o mesmo homem há dez anos, cuidando de três filhas adolescentes revoltadas ou imaturas, sustentando pais velhos, doentes e incapazes, freqüentando o clube de culinária com aquelas madames que falam mal do seu cabelo e criticam a cor do seu esmalte, mas sem você perceber, claro. E ai, quando cansar-se de tudo, tomará aquela atitude. Essa mesma. Essa que todos temem, mas na verdade é a única forma de libertação, o único meio de purificar-se. Pode experimentar a faca da cozinha, no entanto fará muita sujeira. Mas não desista, ainda tem a corda que as crianças brincavam às vezes com as filhas da vizinha. Ela não faz sujeira e o processo, apesar de mais lento, não exige tanta coragem quando a navalha do banheiro. É só amarra-la num galho da árvore, pendurar-se e jogar-se para a libertação.
| Dhay S.

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